Cantar as Janeiras é uma das tradições de natal em Portugal que ainda perduram com o passar dos anos.
Regra geral, as Janeiras são cantadas durante a noite, a partir do dia 26 de Dezembro até ao Dia de Reis, dia 6 de Janeiro.
Quem ouve cantar as janeiras deve agradecer a visita oferecendo comida e bebida quentes aos componentes do grupo para estes aquecerem a voz e suportarem as noites frias de inverno. Em alguns casos, é pedida uma contribuição monetária para ajudar o grupo.
Tradição das Janeiras em Portugal
Qualquer um pode cantar as janeiras, basta ter boa voz e boa disposição. Seja com amigos, familiares, vizinhos ou com um grupo de cantares tradicionais, o mais importante é treinar as quadras das janeiras para impressionar quem vai ouvir. A acompanhar a cantoria devem estar instrumentos como a viola, acordeão, ferrinhos e tambor. Para manter a tradição, deve vestir-se a rigor, com mantas, samarras, lenços na cabeça e calçado adequado para as noites frias de inverno. Reunido o grupo é hora de ir bater, de porta em porta, e pedir para cantar as janeiras.
Origem das Janeiras
O cântico das Janeiras teve origem no tempo dos romanos. O mês de janeiro era considerado o mês do deus Jano, de Janua, que significa Porta, Entrada. Invocava-se o seu nome, nesta altura do ano, como forma de afastar os maus espíritos. Mais tarde, os cristãos incluiram nos cânticos autos pastoris que evocam o nascimento de Jesus Cristo e episódios com Ele relacionados.
Quadras das Janeiras
O novo ano está a chegar e as Janeiras eu vou cantar;
Seja para Jano ou outro Deus similar, a minha voz eu vou levar;
Por esse país fora há que comemorar, o novo ano que está a começar;
De porta em porta vamos entrar e numa só voz vamos cantar!
Ainda agora aqui cheguei
Já pus o pé na escada
Logo o meu coração disse
Aqui mora gente honrada.
Natal dos Simples (Vamos Cantar as Janeiras), de Zeca Afonso
Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras
Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas
Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte
Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra
Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza
Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura