Manoel Cândido Pinto de Oliveira nasceu no Porto, a 11 de dezembro de 1908 e faleceu a 2 de abril de 2015, também no Porto.
Vida e Obra
O seu primeiro filme, "Douro, Faina Fluvial", foi concretizado quando tinha apenas 23 anos. Ao longo da sua carreira, Manoel de Oliveira já realizou mais de 30 longas-metragens e foi considerado um dos maiores realizadores do cinema português.
Com 106 anos, Manoel de Oliveira era o realizador em atividade mais velho do mundo. A partir de 1987, o cineasta passou a fazer em média um filme por ano.
De Ginasta a Realizador de Cinema
Nascido no seio de uma família burguesa com jeito para as artes industriais, o seu pai, Francisco José de Oliveira, foi o primeiro português a fabricar lâmpadas elétricas. Apesar de ter singrado no cinema, Manoel de Oliveira esteve em contacto com outras áreas antes de apostar na praia que lhe estava destinada. Estudou no Colégio Universal do Porto e, depois, no Colégio Jesuíta de La Guardia, em Espanha. Aos 17 anos, começou a gerir as fábricas da família com o seu pai e irmãos. Também foi atleta, chegando a ser campeão de salto em vara, ginasta e corredor de automóveis.
Influenciado pelo seu pai, que o levava ao cinema para ver os clássicos de Charlie Chaplin e Max Linder, ingressou na Escola de Atores de Cinema, criada pelo realizador Rino Lupo. Manoel de Oliveira chegou a contracenar num dos filmes de Rino, "Fátima Milagrosa", ao lado de um dos seus irmãos, Casimiro. Contudo, foi no momento em que visionou "Berlim, Sinfonia de uma Cidade", de Walther Ruttmann, que declarou os seus votos à sétima arte.
Foi este documentário que o inspirou a fazer o seu primeiro filme, "Douro, Faina Fluvial", um documentário sobre a sua cidade natal e os seus moradores. Como grande parte das suas obras, o filme produziu mais sucesso no estrangeiro do que em Portugal.
Em 1933, Manoel de Oliveira volta a ser ator no primeiro filme sonoro português, "A Canção de Lisboa", de Cottinelli Telmo. "Douro, Faina Fluvial" só se viria a estrear no ano seguinte.
A Primeira de Muitas Longas-Metragens
Nos anos 40, surge "Aniki-Bóbó", o seu primeiro filme de ficção e longa-metragem que, apesar de ter sido mal recebido - tanto por parte dos críticos como do público -, se veio a tornar numa das obras mais emblemáticas do cinema português. Depois deste lançamento, a carreira de Manoel de Oliveira sofreu uma paragem, que o artista considerou necessária e produtiva.
As críticas mais frequentes ao seu trabalho continuam a prender-se com o ritmo lento com que a ação se desenrola. Na opinião do cineasta, o conteúdo prevalece sobre a ação, o que faz com que a câmara se mova muito pouco.
Em 1955, a viagem continua. Manoel de Oliveira parte até à Alemanha para estudar o papel da cor no cinema e é deste estudo que resulta "O Pintor e a Cidade", a sua primeira aplicação da cor ao documentário.
O documentário autobiográfico "Visita - Memórias ou Confissões", feito em 1982, ainda não foi comercializado por vontade própria do autor que prefere revelá-lo após a sua morte.
Ao longo dos tempos, Manoel de Oliveira recebeu vários prémios, como o Leão de Ouro que lhe valeu o filme "O Sapato de Cetim" (1985), o Prémio Carreira da Sociedade Portuguesa de autores (1995) e o Prémio Mundial do Humanismo (2008).
A nível pessoal, teve um único casamento, com Maria Isabel Brandão de Meneses de Almeida Carvalhais. Desta união, consagrada no dia 4 de Dezembro de 1940, nasceram 4 filhos - 2 raparigas e 2 rapazes.
Filmografia de Manoel de Oliveira
- Douro, Faina Fluvial (1931, Curta-Metragem)
- Estátuas de Lisboa (1932, CM)
- Hulha Branca - Empresa Hidro-Eléctrica do Rio Ave (1932, CM)
- Em Portugal Já se Fazem Automóveis (1938, CM)
- Miramar, Praia das Rosas (1938, CM)
- Famalicão (1940, CM)
- Aniki-Bóbó (1942, Longa-Metragem)
- O Pintor e a Cidade (1956, CM)
- O coração (1958, inacabado)
- O Pão (1959, CM)
- O Acto da Primavera (1962, LM)
- A Caça (1963, CM)
- Villa Verdinho - Uma Aldeia Transmontana (1964, CM)
- As Pinturas do Meu Irmão Júlio (1965, CM)
- O Passado e o Presente (1971, LM)
- Benilde ou a Virgem Mãe (1974, LM)
- Amor de Perdição (1978, LM)
- Francisca (1981, LM)
- Visita ou Memórias e Confissões (1982, LM)
- Lisboa Cultural (1983, CM)
- Nice - À Propos de Jean Vigo (1983, CM)
- Simpósio Internacional de Escultura em Pedra - Porto (1985, CM)
- Le Soulier de Satin (1985, LM)
- Mon Cas/O Meu Caso (1986, LM)
- A Propósito da Bandeira Nacional (1987, CM)
- Os Canibais» (1988, LM)
- Non ou Vã Glória de Mandar (1990, LM)
- A Divina Comédia (1991, LM)
- O Dia do Desespero (1992, LM)
- Vale Abraão (1993, LM)
- A Caixa (1994, LM)
- O Convento (1995, LM)
- En une Poignée de Mains Amies (1996, CM)
- Party (1996, LM)
- Viagem ao Princípio do Mundo (1997, LM)
- Inquietude (1998, LM)
- A Carta (1999, LM)
- A vida e a morte: Romance de Vila do Conde, O poeta doido, o vitral e Santa Morta (1999, remontagem) - Palavra e Utopia (2000, LM)
- Porto da Minha Infância (2001, LM)
- Vou Para Casa (2001, LM)
- O Princípio da Incerteza (2002, LM)
- Momento, uma canção de Pedro Abrunhosa (2002, CM)
- Um Filme Falado (2003, LM)
- O quinto império - ontem como hoje (2004, LM)
- Do visível ao invisível (2005, CM)
- Espelho mágico (2005, LM)
- O improvável não é impossível (2006, CM)
- Belle Toujours (2007, LM)
- Rencontre unique (2007, CM do filme colectivo «Chacun son cinéma»)
- Cristóvão Colombo - O Enigma (2007, LM)
- Singularidades de um rapariga loura (2009, LM)
- O Estranho Caso de Angélica (2010, LM)
- O Gebo e a Sombra (2012, LM)
- A Igreja do Diabo (2012, LM)
- O Velho do Restelo, 2014 (CM)